Introdução
Deus tem dado
à Sua Igreja, em Cristo, grandes riquezas espirituais, ou bênçãos espirituais de
toda a sorte (Ef 1.3), isso que segue a vida do crente cheio do Espirito Santo
e a igreja militante, enquanto a mesma aguarda a manifestação de nosso Senhor
Jesus Cristo (1 Co 1.7). Estes carismas, biblicamente falando, deverão ter legítima
continuidade até que a Igreja seja arrebatada. Dentre os dons carismáticos, do
Espirito Santo, queremos aqui destacar, por falta de espaço, apenas o falar em línguas – a glossolalia. Este carisma tão atacado,
tão imitado, e pouco ensinado como se deveria fazer pelo cultivo de sua
legitimidade, e para a glorificação de Deus Pai e Deus Filho na Igreja!
Continuidade é o nome que se dá ao cultivo e preservação
dos dons do Espirito Santo. E, teologicamente chamamos Continuísmo.
1. Os Inimigos dos Carismas – O Cessacionismo
Como já foi
dito, por falta de espaço aqui não daremos um detalhamento das características
daquilo que chamamos de inimigos do falar em línguas estranhas, na atualidade -
os cessacionistas. Entendemos, no
entanto, que por falta de um ensino consistente, não só pelo testemunho da
tradição ou experiência, mas principalmente através de uma teologia especificamente pentecostal, que é o que se reclama e se
cobra do movimento pentecostal contemporâneo; tudo isso deixa margem para que
os adversários da fé pentecostal encontrem brechas para argumentar de forma radical
e inescrupulosa, contra qualquer tipo de pentecostalismo, inclusive os
ortodoxos. E isso o fazem sob o pretexto de “preservar a pureza da doutrina bíblica”.
Esses supostos donos da ortodoxia bíblica são conhecidos como cessacionistas ou anti-pentecostais.
Um dos
principais cessacionistas da atualidade trata-se do conferencista e escritor John MacArthur. Em Outubro de 2013, ele promoveu a
Conferência “Strange Fire” (Fogo
Estranho), sob o tema: “Um
encorajamento de John MacArthur aos Pentecostais Fiéis”, com o intuito de “abordar as aberrações, as
heresias e as terríveis formas de manipulação e engano que muitos no movimento
carismático exerceram sobre pessoas ingênuas”. Até ai tudo bem afinal, todo
tipo de heresia e aberrações doutrinarias devem sim, ser combatidos mediante o
ensino moderado e piedoso da Palavra de Deus.
No entanto,
MacArthur não sabe fazer separação entre o joio e o trigo. Para ele, qualquer
forma de manifestação carismática, neopentecostal e até mesmo os “pentecostais fiéis”
como ele costuma dizer, são todos ingênuos e praticantes de aberrações. E isso
se pode perceber no apelo que ele faz em seu vídeo postado na internet, dirigindo-se ao “pentecostal
tradicional” ele apela:
“Eu quero
encorajá-los. Sabemos que vocês estão por aí. Sabemos que vocês querem honrar
ao Senhor e ser fiéis à Palavra de Deus, mas aqui está o que gostaríamos de
vê-los fazendo: vocês precisam começar a falar contra essas pessoas. Precisam
juntar-se a nós nisso. Queremos convocar uma grande força de dentro do
movimento pentecostal tradicional. Uma força de pessoas que veem essas mesmas
aberrações e que querem se distanciar dos falsos curandeiros e dos pregadores
da prosperidade. Vocês precisam fazer isso para seu próprio bem e para
integridade do seu próprio ministério. Vocês precisam escolher de que lado
estão”.
Quando ele diz
“uma grande força de dentro do movimento pentecostal tradicional”, não está, de
forma alguma, reconhecendo a ortodoxia do pentecostalismo histórico
contemporâneo, mas está dizendo que dentro deste movimento existem pessoas
sérias, que amam a Deus e seus ministérios; mas que são ingênuas e iludidas por
um movimento ilegítimo que é o pentecostalismo. Carecendo, portanto serem
libertas dessa “aberração” para serem “fiéis a Palavra de Deus”. Ou seja, os
pentecostais, na concepção de John MacArthur não é crente bíblico!
O falar em língua, no entendimento de
MacArthur não é falar língua dos anjos ou outro idioma sobre-humano conhecido
só de Deus, mas é falar em idiomas conhecidos e regularmente articulado pelo
homem. Veja o que ele diz, em seu livro Carismáticaos
(o titulo em si já é uma ironia):
É evidente que as
verdadeiras línguas bíblicas não são tagarelice incompreensível, e sim idiomas.
O que é aceito como línguas nos movimentos pentecostal e carismático não são
línguas verdadeiras. O falar em línguas contemporâneo, muitas vezes designado
glossolalia, não é o mesmo que nas Escrituras. (Editora Fiel, pag. 302)
Este ponto
de vista é o que caracteriza o cessacionismo;
não só o de MacArthur, mas de muitos
outros eruditos antipentecostal, cujo espaço não nos permite mencionar aqui, com
os detalhes do cessacionismo.
2.
“Cortando na Carne”-
A Autocritica
O verdadeiro
pentecostal, contemporâneo, que mantem a crença na continuidade dos dons espirituais,
principalmente a glossolalia, ele não
tem medo de fazer uma autocrítica do próprio movimento, com vistas à
preservação e legitimidade dos frutos, e, o descartamento do joio. Visto que ele
sabe, em plena consciência da grande possibilidade das imitações (assim como as
bijuterias só existem em função de imitar as joias verdadeiras), e até mesmo
dos abusos que causam escândalos, tanto aos de fora quanto aos de dentro da igreja;
assim como acontecia na igreja de Corinto!
Corroborando com
este entendimento, transcrevo a seguir, o que diz o Reverendo Donald Gee:
Há outra coisa que desejo dizer, e que digo
com pesar. Acredito que alguns batismos são decepcionantes porque certas
pessoas foram levadas a falar algo parecido com línguas, e duvido que elas tenham realmente tido o batismo. Digo
com muita sinceridade que uma das pragas que tem deturpado o Movimento
Pentecostal é a de forçar as pessoas a falarem em línguas sem a atuação do
Espirito Santo.
Continua o citado autor, expressando sua
preocupação com a falta de maturidade de cristãos pentecostais, que, a exemplo
da igreja de Corinto, usavam de forma indevida os dons do Espirito Santo, pois,
o falar em línguas não traz o Espirito Santo; é o Espirito Santo que traz as
línguas. Diz Gee:
Geralmente me preocupava quando alguém me
trazia um novo opúsculo antipentecostal. Passava mal a noite, não conseguia
dormir. É triste dizer: o Movimento tem sido enfraquecido, refreado e
prejudicado pelos inimigos de dentro, e esses inimigos são aqueles que falam “com
língua dos homens e dos anjos e não tem amor”. Que Deus nos mostre que há algo
essencialmente errado com uma experiência que concede dons, mas não santidade.
Agora desejo dirigir-me aos que fazem grandes
demonstrações dos dons do Espirito, mas parecem ter pouco fruto e pouca
santidade. Suas vidas não demonstram a graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Tais
pessoas prejudicam mais o testemunho pentecostal do que todos os escritores e
pregadores que se opõem a ele.
(Depois do
Pentecostes, pag. 25,27)
3. O Que é Dom de Línguas?
O dom de
línguas é o meio sobrenatural através do qual o Espírito Santo leva o crente a
falar uma ou mais línguas nunca antes estudada, portanto, estranhas àquele que
a fala. Este dom nada tem a ver com a habilidade natural de se falar diferentes
idiomas. Falar em línguas pela unção do Espírito Santo é
"glossolalia" e não "poliglotismo". Muitos estudiosos desse assunto, com
frequência, citam casos de missionários que, após longos anos tentando aprender
a língua do povo ou da tribo com que trabalham, de momento começam a falar
aquela língua com uma fluência invejável, dispensando a ajuda de intérprete. E
confundem, assim, esse fenômeno com o dom de línguas, quando o que aconteceu na
verdade foi a manifestação do dom de milagres ou maravilhas. Quando Paulo escreveu
aos Coríntios: "Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que
vós todos" (1 Co 14.18), não estava com isso dizendo que falava mais
idiomas estrangeiros do que os crentes da igreja em Corinto. Se assim fosse o
que Paulo estaria fazendo era demonstrar pura vaidade. Ele fazia alusão à
glossolalia, ou seja, à habilidade sobrenatural de falar em línguas nunca antes
estudadas.
4. A Utilidade do Dom de Línguas
Grande é a
utilidade do dom de línguas quando exercitado humildemente e com orientação do
Espírito Santo. À luz de 1 Coríntios 14, o exercício do dom de línguas é útil
para: a. falar mistérios com Deus. "... quem fala em outra língua, não
fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala
mistérios" (v.2); b. edificação individual. "O que fala em outra
língua a si mesmo se edifica..." (v.4); c. orar bem. "Porque, se eu
orar em outra língua, o meu espírito ora de fato..." (v.14); d.
complemento do culto. "Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem
salmo, outro doutrina; este traz revelação, aquele outro língua, e ainda outro
interpretação", v.26. Falar de mistérios com Deus é um grande privilégio.
Aquele que fala em línguas estranhas tem consciência de que está orando a Deus,
louvando-o ou rogando algo a Ele, não obstante desconheça o significado daquilo
que ora. Fala de acordo com o momento, e com uma força a jorrar dentro de si;
mesmo assim, tem consciência de que é ele quem fala, e tem controle para
começar ou terminar á hora que quiser. A pessoa fica perfeitamente calma e em
pleno uso de suas faculdades mentais, consciente do que está fazendo e do que
está acontecendo em torno dela. Frequentemente está absorvida por uma conversa
racional, e normal, imediatamente antes e depois de falar em línguas.
Conclusão
Quero concluir este texto transcrevendo uma
advertência de Júlio Severo, escritor e tradutor do Rev. Vincent Cheung,
teólogo calvinista contrário ao cessacionismo; num de seus artigos intitulado: Cessacionismo é rebelião contra Deus.
Nota de Julio Severo:
Há um problema sério na Igreja Brasileira. A maioria das igrejas
brasileiras aceita os dons sobrenaturais do Espírito Santo. E uma minoria
absoluta os rejeita. Dessa minoria vem grande parte da chamada blogosfera
protestante apologética, calvinistas geralmente esquerdistas que atacam
pentecostais e neopentecostais vendo heresia em tudo e em todos. A motivação
dessa minoria radical e birrenta é muitas vezes o cessacionismo — a falsa
doutrina que ensina que os dons sobrenaturais do Espírito Santo cessaram dois
mil anos atrás.
juliosevero.blogspot.com
“Não extingais o Espírito. Não trateis as profecias com desdém. Examinai
tudo. Retende o bem.” (1 Tessalonicenses 5:19-21)
Bibliografia
OLIVEIRA,
Raimundo F. de. A Doutrina Pentecostal
Hoje. CPAD – Casa Publicadora das Assembleias de Deus.
GEE, Donald.
Depois do Pentecoste. Editora Vida,
1987.
juliosevero.blogspot.com
Pr. Antonio Vicente da Costa
Mestrando em Teologia - IBETEL
Julho/2018