quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Glossolalia: O carisma que ajunta o trigo e separa o joio



Introdução

Deus tem dado à Sua Igreja, em Cristo, grandes riquezas espirituais, ou bênçãos espirituais de toda a sorte (Ef 1.3), isso que segue a vida do crente cheio do Espirito Santo e a igreja militante, enquanto a mesma aguarda a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo (1 Co 1.7). Estes carismas, biblicamente falando, deverão ter legítima continuidade até que a Igreja seja arrebatada. Dentre os dons carismáticos, do Espirito Santo, queremos aqui destacar, por falta de espaço, apenas o falar em línguas – a glossolalia. Este carisma tão atacado, tão imitado, e pouco ensinado como se deveria fazer pelo cultivo de sua legitimidade, e para a glorificação de Deus Pai e Deus Filho na Igreja!
Continuidade é o nome que se dá ao cultivo e preservação dos dons do Espirito Santo. E, teologicamente chamamos Continuísmo.


1.    Os Inimigos dos Carismas – O Cessacionismo

Como já foi dito, por falta de espaço aqui não daremos um detalhamento das características daquilo que chamamos de inimigos do falar em línguas estranhas, na atualidade - os cessacionistas. Entendemos, no entanto, que por falta de um ensino consistente, não só pelo testemunho da tradição ou experiência, mas principalmente através de uma teologia especificamente pentecostal, que é o que se reclama e se cobra do movimento pentecostal contemporâneo; tudo isso deixa margem para que os adversários da fé pentecostal encontrem brechas para argumentar de forma radical e inescrupulosa, contra qualquer tipo de pentecostalismo, inclusive os ortodoxos. E isso o fazem sob o pretexto de “preservar a pureza da doutrina bíblica”. Esses supostos donos da ortodoxia bíblica são conhecidos como cessacionistas ou anti-pentecostais.

Um dos principais cessacionistas da atualidade trata-se do conferencista e escritor John MacArthur. Em Outubro de 2013, ele promoveu a Conferência “Strange Fire” (Fogo Estranho), sob o tema: Um encorajamento de John MacArthur aos Pentecostais Fiéis”, com o intuito de “abordar as aberrações, as heresias e as terríveis formas de manipulação e engano que muitos no movimento carismático exerceram sobre pessoas ingênuas”. Até ai tudo bem afinal, todo tipo de heresia e aberrações doutrinarias devem sim, ser combatidos mediante o ensino moderado e piedoso da Palavra de Deus.
No entanto, MacArthur não sabe fazer separação entre o joio e o trigo. Para ele, qualquer forma de manifestação carismática, neopentecostal e até mesmo os “pentecostais fiéis” como ele costuma dizer, são todos ingênuos e praticantes de aberrações. E isso se pode perceber no apelo que ele faz em seu vídeo postado na internet, dirigindo-se ao “pentecostal tradicional” ele apela:

“Eu quero encorajá-los. Sabemos que vocês estão por aí. Sabemos que vocês querem honrar ao Senhor e ser fiéis à Palavra de Deus, mas aqui está o que gostaríamos de vê-los fazendo: vocês precisam começar a falar contra essas pessoas. Precisam juntar-se a nós nisso. Queremos convocar uma grande força de dentro do movimento pentecostal tradicional. Uma força de pessoas que veem essas mesmas aberrações e que querem se distanciar dos falsos curandeiros e dos pregadores da prosperidade. Vocês precisam fazer isso para seu próprio bem e para integridade do seu próprio ministério. Vocês precisam escolher de que lado estão”.

Quando ele diz “uma grande força de dentro do movimento pentecostal tradicional”, não está, de forma alguma, reconhecendo a ortodoxia do pentecostalismo histórico contemporâneo, mas está dizendo que dentro deste movimento existem pessoas sérias, que amam a Deus e seus ministérios; mas que são ingênuas e iludidas por um movimento ilegítimo que é o pentecostalismo. Carecendo, portanto serem libertas dessa “aberração” para serem “fiéis a Palavra de Deus”. Ou seja, os pentecostais, na concepção de John MacArthur não é crente bíblico!
O falar em língua, no entendimento de MacArthur não é falar língua dos anjos ou outro idioma sobre-humano conhecido só de Deus, mas é falar em idiomas conhecidos e regularmente articulado pelo homem. Veja o que ele diz, em seu livro Carismáticaos (o titulo em si já é uma ironia):

É evidente que as verdadeiras línguas bíblicas não são tagarelice incompreensível, e sim idiomas. O que é aceito como línguas nos movimentos pentecostal e carismático não são línguas verdadeiras. O falar em línguas contemporâneo, muitas vezes designado glossolalia, não é o mesmo que nas Escrituras. (Editora Fiel, pag. 302)
 
Este ponto de vista é o que caracteriza o cessacionismo; não só o de MacArthur, mas de muitos outros eruditos antipentecostal, cujo espaço não nos permite mencionar aqui, com os detalhes do cessacionismo.


2.    “Cortando na Carne”- A Autocritica

O verdadeiro pentecostal, contemporâneo, que mantem a crença na continuidade dos dons espirituais, principalmente a glossolalia, ele não tem medo de fazer uma autocrítica do próprio movimento, com vistas à preservação e legitimidade dos frutos, e, o descartamento do joio. Visto que ele sabe, em plena consciência da grande possibilidade das imitações (assim como as bijuterias só existem em função de imitar as joias verdadeiras), e até mesmo dos abusos que causam escândalos, tanto aos de fora quanto aos de dentro da igreja; assim como acontecia na igreja de Corinto!
Corroborando com este entendimento, transcrevo a seguir, o que diz o Reverendo  Donald Gee:

Há outra coisa que desejo dizer, e que digo com pesar. Acredito que alguns batismos são decepcionantes porque certas pessoas foram levadas a falar algo parecido com línguas, e duvido que elas tenham realmente tido o batismo. Digo com muita sinceridade que uma das pragas que tem deturpado o Movimento Pentecostal é a de forçar as pessoas a falarem em línguas sem a atuação do Espirito Santo.
Continua o citado autor, expressando sua preocupação com a falta de maturidade de cristãos pentecostais, que, a exemplo da igreja de Corinto, usavam de forma indevida os dons do Espirito Santo, pois, o falar em línguas não traz o Espirito Santo; é o Espirito Santo que traz as línguas. Diz Gee:
Geralmente me preocupava quando alguém me trazia um novo opúsculo antipentecostal. Passava mal a noite, não conseguia dormir. É triste dizer: o Movimento tem sido enfraquecido, refreado e prejudicado pelos inimigos de dentro, e esses inimigos são aqueles que falam “com língua dos homens e dos anjos e não tem amor”. Que Deus nos mostre que há algo essencialmente errado com uma experiência que concede dons, mas não santidade.
Agora desejo dirigir-me aos que fazem grandes demonstrações dos dons do Espirito, mas parecem ter pouco fruto e pouca santidade. Suas vidas não demonstram a graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Tais pessoas prejudicam mais o testemunho pentecostal do que todos os escritores e pregadores que se opõem a ele.
(Depois do Pentecostes, pag. 25,27)


3.    O Que é Dom de Línguas?

O dom de línguas é o meio sobrenatural através do qual o Espírito Santo leva o crente a falar uma ou mais línguas nunca antes estudada, portanto, estranhas àquele que a fala. Este dom nada tem a ver com a habilidade natural de se falar diferentes idiomas. Falar em línguas pela unção do Espírito Santo é "glossolalia" e não "poliglotismo".  Muitos estudiosos desse assunto, com frequência, citam casos de missionários que, após longos anos tentando aprender a língua do povo ou da tribo com que trabalham, de momento começam a falar aquela língua com uma fluência invejável, dispensando a ajuda de intérprete. E confundem, assim, esse fenômeno com o dom de línguas, quando o que aconteceu na verdade foi a manifestação do dom de milagres ou maravilhas. Quando Paulo escreveu aos Coríntios: "Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos" (1 Co 14.18), não estava com isso dizendo que falava mais idiomas estrangeiros do que os crentes da igreja em Corinto. Se assim fosse o que Paulo estaria fazendo era demonstrar pura vaidade. Ele fazia alusão à glossolalia, ou seja, à habilidade sobrenatural de falar em línguas nunca antes estudadas.


4.    A Utilidade do Dom de Línguas

Grande é a utilidade do dom de línguas quando exercitado humildemente e com orientação do Espírito Santo. À luz de 1 Coríntios 14, o exercício do dom de línguas é útil para: a. falar mistérios com Deus. "... quem fala em outra língua, não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistérios" (v.2); b. edificação individual. "O que fala em outra língua a si mesmo se edifica..." (v.4); c. orar bem. "Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato..." (v.14); d. complemento do culto. "Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro doutrina; este traz revelação, aquele outro língua, e ainda outro interpretação", v.26. Falar de mistérios com Deus é um grande privilégio. Aquele que fala em línguas estranhas tem consciência de que está orando a Deus, louvando-o ou rogando algo a Ele, não obstante desconheça o significado daquilo que ora. Fala de acordo com o momento, e com uma força a jorrar dentro de si; mesmo assim, tem consciência de que é ele quem fala, e tem controle para começar ou terminar á hora que quiser. A pessoa fica perfeitamente calma e em pleno uso de suas faculdades mentais, consciente do que está fazendo e do que está acontecendo em torno dela. Frequentemente está absorvida por uma conversa racional, e normal, imediatamente antes e depois de falar em línguas.


Conclusão

Quero concluir este texto transcrevendo uma advertência de Júlio Severo, escritor e tradutor do Rev. Vincent Cheung, teólogo calvinista contrário ao cessacionismo; num de seus artigos intitulado: Cessacionismo é rebelião contra Deus.

Nota de Julio Severo:

Há um problema sério na Igreja Brasileira. A maioria das igrejas brasileiras aceita os dons sobrenaturais do Espírito Santo. E uma minoria absoluta os rejeita. Dessa minoria vem grande parte da chamada blogosfera protestante apologética, calvinistas geralmente esquerdistas que atacam pentecostais e neopentecostais vendo heresia em tudo e em todos. A motivação dessa minoria radical e birrenta é muitas vezes o cessacionismo — a falsa doutrina que ensina que os dons sobrenaturais do Espírito Santo cessaram dois mil anos atrás. 
juliosevero.blogspot.com

“Não extingais o Espírito. Não trateis as profecias com desdém. Examinai tudo. Retende o bem.” (1 Tessalonicenses 5:19-21)


Bibliografia

OLIVEIRA, Raimundo F. de. A Doutrina Pentecostal Hoje. CPAD – Casa Publicadora das Assembleias de Deus.

GEE, Donald. Depois do Pentecoste. Editora Vida, 1987.

juliosevero.blogspot.com




Pr. Antonio Vicente da Costa
Mestrando em Teologia - IBETEL
Julho/2018




quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Teologia da Missão Integral uma Nova Metodologia Evangelística



Teologia da Missão Integral uma Nova Metodologia Evangelística
Luis Artur Candido*

Quando falamos desta nova perspectiva teológica a chamada TMI[1]temos que olhar para a história da igreja, porque a TMI é um anseio por reforma em algo que ficou engessado e que não consegue atender ao contexto da vida moderna em seus vários desdobramentos.

Olhamos de forma rápida sem muita análise teórica, o momento em que Jesus iniciou seu ministério e neste aspecto vamos centrar nossa análise em sua interpretação do Antigo Testamento, onde Ele passa fazer a correta interpretação do Antigo Testamento. Para que o texto pudesse atender aos anseios do homem do século I ele teve que fazer essa releitura e trazer o A.T para aquele realidade e forma viva, onde o texto acha aplicabilidade para o homem do século I.

Quando avançamos um pouco mais para o século IV onde nasce o que conhecemos como Igreja Católica Apostólica Romana, onde o Texto foi engessado novamente e ganhou uma camisa de força chamada tradição em que por 1000 anos dominou todo pensar e prática teológica do período medieval, o que já estava sufocando toda uma geração, eis surge, a partir do XIII um movimento reformista que denominamos renascença, com ímpeto libertário dos senhores da sua época, e aqui me refiro aos senhores feudais e a própria Igreja Católica.

Quem buscava uma vida mais centrada na existência, a religião tinha que ser relevante, pois, para o homem moderno que estava nascendo, neste ambiente libertário surge a Reforma Protestante buscando contextualizar o Texto Sagrado para a realidade do homem moderno para que o mesmo pudesse viver a fé de forma plena e relevante.

Mesmo a reforma, ficou focada em seu dogmatismo e de certa forma não se atendo à realidade do homem moderno o que causou uma reação de avivamento dentro do próprio movimento reformado, nos séculos XVII e XVIII surgem os movimentos espiritualistas que buscavam uma reforma dentro do movimento reformado, ou seja para esses grupos havia muito dogma e pouca espiritualidade.
Daí surgiu o movimentoPietista que buscava uma fé mais pessoal com práticas devocional mais centrada na espiritualidade.

Já a partir dos séculos das luzes e aí estamos falando do século XVIII com o surgimento do Iluminismo, Racionalismo e a mola propulsora para essas duas linhas filosóficas que foi o Humanismo do século XIV, a fé passou a ser questionada e tratada como obsoleta para o homem que tinha alcançado sua maioridade racional, o que fazer diante deste desafio imposto por essas linhas filosóficas.

A reação para colocar a fé cristã dentro da realidade do homem moderno foi fazer uma reinterpretação da fé cristã com os pressupostos filosóficos do período, e aí criou-se a Teologia Liberal que buscou tirar a fé cristã do seu sarcófago para atender ao homem moderno que surge como dono de si mesmo.

Estamos no século XIX onde surge esta nova metodologia evangelística para alcançar ao homem racional, e para isso houve um esvaziamento do Texto Sagrado onde tudo passou a ser questionado, os milagres não existiram, alguns autores não escreveram seus textos etc...
Diante deste vazio que se criou então o Evangelho Social que é fruto desta dissecação do Texto Sagrado que surgia partir do século XIX.
Prevalece entre muitos líderes religiosos, que professam ser cristãos evangélicos (ou seja, cristãos crentes na Bíblia), a promoção de um evangelho mais aceitável, que possa até mesmo ser admirado pelas pessoas do mundo inteiro. Hoje em dia, a forma mais popular desse tipo de evangelho é conhecida como “evangelho social”.
Embora esse evangelho social seja comum entre os muitos novos movimentos evangélicos, ele não é novidade para a cristandade. Seu princípio moderno deu-se nos idos de 1800, quando pretendeu-se tratar das várias condições da sociedade que seriam causadoras do sofrimento da população. A crença era de que o Cristianismo atrairia seguidores quando demonstrasse o seu amor pela humanidade. Isso poderia ser mais bem realizado aliviando os sofrimentos causados pela pobreza, pelas enfermidades, pelas condições opressoras de trabalho, pelas injustiças sociais, pelos abusos dos direitos civis, etc[2].

A partir daí entendeu-se que o evangelho tinha que estar mais engajado nas questões políticas, econômicas e sociais, é a ideia de uma praticidade maior da fé cristã na realidade da vida dos indivíduos.

Desta perspectiva reformista surge então a teologia da Libertação como uma nova proposta metodológica de evangelização e atuação no meio da sociedade pós moderna para levar o evangelho todo para o homem todo. Este movimento teológico que surge entre os anos de 1950 e 1960,  procurou atuar na América como uma proposta teológica para a América Latina.

Com a mesma perspectiva reformista buscando uma metodologia de evangelização melhor para atuar no seio da sociedade, é realizado O Congresso Internacional de Evangelização Mundial, esse congresso foi realizado nos dias 16 a 25 de julho de 1974 na cidade de Lausanne, Suíça e a proposta era trazer para a realidade da igreja a responsabilidade que igreja tinha não só com a pregação, mas, também e/ou principalmente a atuação da igreja em sua responsabilidade social.

Diante deste breve quadro histórico é claro que sendo um quadro simplista e objetivo para chegarmos na TMI, pois ela foi gestada à partir destes movimentos reformistas buscando sempre uma nova metodologia evangelística.

Como movimento teológico, é um movimento novo e podemos datá-lo a partir de um evento que foi realizado em Cochabamba (Bolivia) pela Fraternidade Teológica Latino-americana.

Vinte e cinco líderes, pastores, missionários e professores de seminário de nove denominações se reuniram um ano depois em Cochabamba organizando a FTL – Fraternidade Teológica Latino-americana. Samuel Escobar, Pedro Savage, Emilio AntonioNuñez, Ricardo Sturtz e René Padilla formaram a sua primeira liderança. Desde então, foram mais quatro Congressos de Evangelização (CLADEs – 1979, 1992, 2000 e 2012) organizados pela FTL que demarcaram um campo teológico protestante latino-americano envolvendo igrejas, lideranças, publicações, eventos e movimentos nacionais, tendo como marco a integralidade da missão da igreja[3].

É partir deste evento surge então essa nova proposta teológica, cujo o intento é estruturar uma nova metodologia de evangelização para o mundo pós moderno[4]

De forma simplista e direta TMI, tem como proposta fazer uma releitura do Texto Sagrado e colocá-lo de forma relevante dentro da sociedade pós moderna. Pode-se dizer que é uma teologia de engajamento em questões sociopolítico para o homem contemporâneo. É tornar a mensagem Cristã não algo utópico, mas uma mensagem com tal praticidade que alcance o homem todo, que era o espírito de Lausanne.

É a igreja realizando sua missão, mas não no sentido de proselitismo, mas também com uma proposta de ação social dentro da sociedade humana.
Dentro desta perspectiva não há ruptura entre mensagem e ação, mas sim uma ação da fala e da prática.
Missão integral é muita mais que manter instituições. É sim fazer desta ação a própria vivência da igreja.

Teologia da Missão Integral recupera a noção do Reino de Deus como um sistema que engloba tudo o que afeta o homem e tudo o que o homem afeta. Engloba, portanto as questões sociais, política, econômica, ética, a moral, educacional, do trabalho, do direito, porque tudo isso afeta o homem e é afetado pelo homem, por isso é um sistema só, e esse sistema precisa ter um novo princípio vetor que segundo as Escrituras: É o Reino de Deus. Assim, o Reino de Deus é um novo sistema onde só a vontade de Deus é feita, e é um sistema econômico, político, social, moral, ético, educacional, está tudo contido no Reino de Deus[5].

Partindo desta definição, Missão Integral não é assistencialismo ou ação social, mas é a penetração do Reino de Deus dentro da sociedade como um todo de tal forma que essa penetração causará uma mudança radical não na perspectiva individual mas na  coletividade no seio da humanidade.
Essa releitura da ideia de Reino de Deus traz uma realidade para dentro da igreja que a faz refletir sua atuação na sociedade e rever sua atuação e partir para uma ação mais efetiva para que tal projeto aconteça dentro da coletividade humana, que é a proposta missiológica da igreja, dentro desta percepção integral.

E o pastor Steuermagel ainda afirma que a Missão Integral é um convite para baixo e não para cima, para a periferia e não para o shopping center[6]

A proposta da TMI é estar na esteira da sociedade levando para o homem coletivo a salvação para o homem todo a partir não só de pregação, mas ação efetiva dentro desta coletividade, não é só a ideia de pregação, mas de ação efetiva a solução da pobreza coletiva, se a igreja não atuar desta forma global ele falha em sua proposta evangelística, pois o homem deve ser salvo no seu todo e não em partes, para tanto a igreja não pode estar presa ao dogmatismo eclesiológico que vislumbra a questão transcendental da salvação.

A TMI não está presa a transcendentalidade, mas ela tem uma perspectiva horizontal.

...pastor Valdir Steuermagel...Ele diz que a TMI assusta as igrejas evangélicas porque elas não estão acostumadas com o sistema de “horizontalidade“, que significaria, nada menos, que a abolição do sistema hierárquico da igreja ou, como ele mesmo diz, o sistema clerical[7]

Sem entrar aqui no mérito marxista da frase, a proposta é olhar para o coletivo que está empobrecido e a partir daí voltar para essa realidade vivencial e atuar de forma efetiva para equiparar ou igualar a sociedade como um todo (isso tem cheiro de marxismo puro), aqui a estrutura clerical como conhecemos hoje não tem sua funcionalidade de atuação.

Portanto a TMI é mais uma nova perspectiva hermenêutica que se propõem em fazer uma releitura para fazer o Texto Sagrado ter relevância para o homem deste século e torná-la relevante para lidar não só com questões soteriológicas, mas principalmente sociopolítica, onde Igreja possa atuar de forma efetiva na busca de soluções para os problemas reais que surgem dentro da sociedade moderna.
Neste artigo procurei mostrar de forma sucinta o surgimento deste movimento teológico que na realidade é um movimento novo, mas que nos últimos anos tem ganhado força no Brasil, nestes últimos vinte anos de história do movimento.

Me limitei somente mostrar uma breve história da TMI bem como o seu propósito como metodologia de evangelização, não faremos uma crítica sobre o dito movimento, embora não concordando com essa abordagem teológica, pois não é a finalidade do artigo.

Mas o espaço para aprofundamento e crítica do assunto está em aberto, o fizemos foi trazer nossa contribuição sobre o referido tema.






[1] Estaremos usando esta sigla para Teologia da Missão Integral para facilitar nosso desenvolvimento do texto

[3]A história da Missão Integral e o jeito de fazer teologia,http://www.ultimato.com.br/conteudo/a-historia-da-missao-integral-e-o-jeito-de-fazer-teologia

[4] Uso o termo pós moderno seguindo a percepção de ZigmuntBaunan.

[5]A Teologia da Missão Integral e o Marxismo, http://ariovaldoramosblog.blogspot.com.br/2014/03/a-teologia-da-missao-integral-e-o.html


[6] http://www.fabioblanco.com.br/arrogancia-e-a-hipocrisia-na-missao-integral/
[7]Ibid

*Bolsista Faculdade IBETEL Mestrando em Teologia Pastoral, artigo produzido para avaliação do Orientador João Carlos e publicação no blog do seminário