A pergunta que não quer calar: O que estaria por trás desta
onda de suicídios envolvendo ministros evangélicos? Estaríamos preparados para
lidar com esse fatídico assunto? Poderíamos pensar que Deus esteja permitindo
que isso aconteça para chamar nossa atenção para a existência de um problema
mais grave? Afinal, não somos uma classe
privilegiada, imune a este tipo de mazelas existente em toda e qualquer
sociedade.
As estatísticas não são nada animadoras. De acordo com o
Instituto Schaeffer, 70% dos pastores lutam constantemente com a depressão, e
71% se dizem esgotados. Além disso, 80% acreditam que o ministério pastoral
afeta negativamente as suas famílias, e 70% dizem não ter um “amigo próximo”.
Talvez estes dados nos forneçam um retrato da condição emocional da maioria
daqueles que ocupam nossos púlpitos, atuando em posições de destaque e alguns
até certos privilégios e prestígios sociais e econômicos.
Existe uma opinião predominante entre os especialistas da
religião e da psicologia que, o suicida na ânsia de matar a dor, mata a vida
primeiro. E analisando com critério o assunto, vamos perceber que em função da
angustia, solidão humana, frustação, e desespero humano, a decisão escolhida é,
por fim a dor humana, no ápice, tida como incontrolável.
A Bíblia relata o funesto caso de seis personagens que
escolheram esse triste fim. O 1º foi Sansão em situação adversa, preso,
humilhado, traído e vencido, abraçou as colunas que sustinham a casa Templo de
Dagom, matando de uma só vez e em um só momento mais pessoas em sua morte do
que em suas batalhas durante a vida (Juízes 16:30) num ato heroico-suicida. O
2º O Rei Saul, que não aceitou morrer por mãos de inimigos atirando-se sobre a
espada de seu pajem de armas (2 Samuel 31:5). 3º O pajem de armas de Saul tomou
a espada sobre a qual se lançou Saul e fez o mesmo (2 Samuel 31:6). O 4º
Aitofel conselheiro de Absalão que após dar um conselho contra a vida do Rei
Davi, ao arrepender-se foi para casa e se enforcou (2 Samuel 17:23). O 5º Zinri
que se lançou pela janela e os cavalos de Jeú o atropelou (2º Reis 9:33). E
Finalmente o 6º ao praticar o suicídio foi o Apóstolo Judas, que se arrependera
depois de vender e entregar Jesus aos romanos (Atos 1:18) inaugurando assim, o
suicídio entre os apóstolos, tidos como pastores da Igreja fundada, mas em dias
de ser inaugurada no dia de Pentecostes.
Duas coisas precisam ser consideradas urgentes. Primeiro,
precisamos buscar maneiras de evitar que aconteçam mais suicídios entre
pastores e familiares. Segundo, temos que consolar às famílias que perderam
entes queridos pelo suicídio.
Se dermos atenção excessiva ao primeiro ponto, poderemos
evitar alguns suicídios, pois, observando melhor os nossos líderes em suas
atribuições, cargas, responsabilidades, incumbências, passam por verdadeiros
testes de resistência à solidão, abandono, indiferença, desprezo, incompreensão
e falta de tempo para lazer e passeios com a família. Quando nosso ego é
crucificado com Cristo, de forma que, deixamos de viver em função de nosso
aprazimento, passando a viver para Deus e para o bem daqueles que nos cercam, e
nem sempre somos compreendidos em nossos cuidados diários com o rebanho no afã
de trazer-lhes bom alimento e proteção espiritual, causando aos líderes
tremendo aperto, desmotivação, agonia, pressão externa, resistência interna,
desinstabilidade emocional e espiritual, dificuldades na área conjugal,
descontrole financeiro, excesso de problemas administrativo, agendas de
reuniões, cumprimentos de cotas, e a falta de mão de obra especializada que ofereça
suporte a esses líderes na área de aconselhamento noutético e ministerial,
disponibilizando recursos teológicos e psicológicos para mantê-los com a mente
e as emoções sadias, proporcionando-lhes momentos de equilíbrio, tranquilidade
e serenidade, em meio à exaustão e constrição.
Falo com Terapeuta e conselheiro de Pastores, casais e
jovens que sou, atuando bem menos do que seja preciso, pois muitos que
necessitam de suporte terapêutico, não dispõem de recursos e as igrejas e
ministérios não colocam na pauta de prioridade a Sanidade de seus líderes e
homens de Staff, deixando na maioria das vezes muitos desamparados em suas
missões de administradores de conflitos e confrontos, contritos e contristados,
acalentadores de ânimos fomentados pelo ciclo insano de injustiça social que
oprime grande parte do público cristão no que diz respeito à vida, subsistência
e sobrevivência sua e de seus familiares e dependentes.
Como as empresas multinacionais e as grandes empresas, fazem
dando suporte aos seus colaboradores, sugiro que as Igrejas invistam parte de
seus recursos destinados a Imóveis, móveis e veículos para locomoção de seus
dirigentes e diretores, em saúde física, mental e emocional, de seus
representantes legais. O suicídio é um efeito, que tem uma causa, e essa causa
pode ser a preocupação com números, montantes e valores, em detrimento da saúde
e qualidade de fiéis, trazendo assim sobrecarga aos homens de frente.
Como Igreja pode atuar como comunidade terapêutica se esta
continuar produzindo um ambiente desestabilizador de pastores e líderes,
minando suas forças e fragmentando as famílias vitimadas pelo suicídio de seus
condutores?
Pastor VALMIR BARCELLOS, Terapeuta, Ministro, Teólogo e
Capelão, Bacharel e Mestre em Teologia, Educador Cristão desde 1994, Iridologista,
Naturopata, Massoterapeuta, Hidromagnetoterapeuta, Técnico em Psicopedagogia e
Programação Neurolinguística, atua como professor da FACULDADE IBETEL SUZANO.
Servo de Cristo