domingo, 1 de julho de 2018

SUICÍDIO ENTRE PASTORES






A pergunta que não quer calar: O que estaria por trás desta onda de suicídios envolvendo ministros evangélicos? Estaríamos preparados para lidar com esse fatídico assunto? Poderíamos pensar que Deus esteja permitindo que isso aconteça para chamar nossa atenção para a existência de um problema mais grave?  Afinal, não somos uma classe privilegiada, imune a este tipo de mazelas existente em toda e qualquer sociedade.

As estatísticas não são nada animadoras. De acordo com o Instituto Schaeffer, 70% dos pastores lutam constantemente com a depressão, e 71% se dizem esgotados. Além disso, 80% acreditam que o ministério pastoral afeta negativamente as suas famílias, e 70% dizem não ter um “amigo próximo”. Talvez estes dados nos forneçam um retrato da condição emocional da maioria daqueles que ocupam nossos púlpitos, atuando em posições de destaque e alguns até certos privilégios e prestígios sociais e econômicos.

Existe uma opinião predominante entre os especialistas da religião e da psicologia que, o suicida na ânsia de matar a dor, mata a vida primeiro. E analisando com critério o assunto, vamos perceber que em função da angustia, solidão humana, frustação, e desespero humano, a decisão escolhida é, por fim a dor humana, no ápice, tida como incontrolável.

A Bíblia relata o funesto caso de seis personagens que escolheram esse triste fim. O 1º foi Sansão em situação adversa, preso, humilhado, traído e vencido, abraçou as colunas que sustinham a casa Templo de Dagom, matando de uma só vez e em um só momento mais pessoas em sua morte do que em suas batalhas durante a vida (Juízes 16:30) num ato heroico-suicida. O 2º O Rei Saul, que não aceitou morrer por mãos de inimigos atirando-se sobre a espada de seu pajem de armas (2 Samuel 31:5). 3º O pajem de armas de Saul tomou a espada sobre a qual se lançou Saul e fez o mesmo (2 Samuel 31:6). O 4º Aitofel conselheiro de Absalão que após dar um conselho contra a vida do Rei Davi, ao arrepender-se foi para casa e se enforcou (2 Samuel 17:23). O 5º Zinri que se lançou pela janela e os cavalos de Jeú o atropelou (2º Reis 9:33). E Finalmente o 6º ao praticar o suicídio foi o Apóstolo Judas, que se arrependera depois de vender e entregar Jesus aos romanos (Atos 1:18) inaugurando assim, o suicídio entre os apóstolos, tidos como pastores da Igreja fundada, mas em dias de ser inaugurada no dia de Pentecostes.

Duas coisas precisam ser consideradas urgentes. Primeiro, precisamos buscar maneiras de evitar que aconteçam mais suicídios entre pastores e familiares. Segundo, temos que consolar às famílias que perderam entes queridos pelo suicídio.

Se dermos atenção excessiva ao primeiro ponto, poderemos evitar alguns suicídios, pois, observando melhor os nossos líderes em suas atribuições, cargas, responsabilidades, incumbências, passam por verdadeiros testes de resistência à solidão, abandono, indiferença, desprezo, incompreensão e falta de tempo para lazer e passeios com a família. Quando nosso ego é crucificado com Cristo, de forma que, deixamos de viver em função de nosso aprazimento, passando a viver para Deus e para o bem daqueles que nos cercam, e nem sempre somos compreendidos em nossos cuidados diários com o rebanho no afã de trazer-lhes bom alimento e proteção espiritual, causando aos líderes tremendo aperto, desmotivação, agonia, pressão externa, resistência interna, desinstabilidade emocional e espiritual, dificuldades na área conjugal, descontrole financeiro, excesso de problemas administrativo, agendas de reuniões, cumprimentos de cotas, e a falta de mão de obra especializada que ofereça suporte a esses líderes na área de aconselhamento noutético e ministerial, disponibilizando recursos teológicos e psicológicos para mantê-los com a mente e as emoções sadias, proporcionando-lhes momentos de equilíbrio, tranquilidade e serenidade, em meio à exaustão e constrição.

Falo com Terapeuta e conselheiro de Pastores, casais e jovens que sou, atuando bem menos do que seja preciso, pois muitos que necessitam de suporte terapêutico, não dispõem de recursos e as igrejas e ministérios não colocam na pauta de prioridade a Sanidade de seus líderes e homens de Staff, deixando na maioria das vezes muitos desamparados em suas missões de administradores de conflitos e confrontos, contritos e contristados, acalentadores de ânimos fomentados pelo ciclo insano de injustiça social que oprime grande parte do público cristão no que diz respeito à vida, subsistência e sobrevivência sua e de seus familiares e dependentes.

Como as empresas multinacionais e as grandes empresas, fazem dando suporte aos seus colaboradores, sugiro que as Igrejas invistam parte de seus recursos destinados a Imóveis, móveis e veículos para locomoção de seus dirigentes e diretores, em saúde física, mental e emocional, de seus representantes legais. O suicídio é um efeito, que tem uma causa, e essa causa pode ser a preocupação com números, montantes e valores, em detrimento da saúde e qualidade de fiéis, trazendo assim sobrecarga aos homens de frente.
Como Igreja pode atuar como comunidade terapêutica se esta continuar produzindo um ambiente desestabilizador de pastores e líderes, minando suas forças e fragmentando as famílias vitimadas pelo suicídio de seus condutores?

Pastor VALMIR BARCELLOS, Terapeuta, Ministro, Teólogo e Capelão, Bacharel e Mestre em Teologia, Educador Cristão desde 1994, Iridologista, Naturopata, Massoterapeuta, Hidromagnetoterapeuta, Técnico em Psicopedagogia e Programação Neurolinguística, atua como professor da FACULDADE IBETEL SUZANO. Servo de Cristo